Thursday, January 12, 2006
Sinagoga Portuguesa de Amsterdam
A Sinagoga Portuguesa de Amsterdão, denominada de "Esnoga" (Pronúncia holandesa: snoge), situada numa rua (Visserplein) próxima do centro histórico de Amsterdão, frente ao Museu da história judaica de Amsterdão, é um edifício monumental que foi mandado construir no século 17 (o chamado século de ouro da Holanda) pela congregação de Judeus de origem Sefardita de Amsterdão "Talmud Tora" (Congregação Portuguesa Israelita de Amsterdão). Hoje, após a Segunda Guerra Mundial e o resultante extermínio dos judeus (Holocausto), não existem mais do que 700 membros da Congregação. Apesar disso, o imponente edifício, que escapou milagrosamente à destruição pelos nazis (a maioria das sinagogas alemãs foram incendiadas) permanece aberto ao público.
A 12 de Setembro de 1670 foi comprado o terreno para a construção da Sinagoga Portuguesa de Amsterdão. Foi projectada pelo arquitecto holandês Elias Bouman. As obras começaram a 17 de Abril de 1671. A esnoga seria inaugurada a 2 de Agosto de 1675.
História da Comunidade Sefardita de Amsterdam
Após a expulsão dos judeus de Espanha pelos "Reis Católicos" através do Decreto de Alhambra de 1492, cerca de 130.000 fugiram para Portugal, onde haveria um número semelhante de judeus portugueses.
Em 1496/1497, no reinado de D. Manuel I, todos eles seriam obrigados à conversão ao catolicismo, quer sejam judeus portugueses ou espanhóis. Começava a perseguição activa aos judeus em Portugal, que se iria consolidar com a entrada em funcionamento em 1540 do Tribunal da Inquisição, que perdurou até 1821.
Foi a partir daqui que se falou dos chamados "Cristãos-Novos", ou seja, os descendentes dos judeus convertidos à força. Foram perseguidos e oprimidos, por várias razões. Muitas vezes por inveja do seu poder económico - grande parte dos judeus sabia ler, enquanto que a esmagadora maioria dos católicos era analfabeta; também a Igreja Católica desempenhava um papel desencorajador da actividade económica, proibindo a usura. Os judeus, em Portugal, como tão frequentemente em outras partes do mundo, constituiam uma elite na Cultura, na Economia, na Medicina, na Cartografia e na Ciência em geral (uma tendência que continua a prevalecer - ver lista de prémios Nobel de religião judaica aqui).
Por volta de 1596, muitas famílias portuguesas de ascedência judaica, fartas da opressão em Portugal e desejosas de voltar a praticar abertamente a sua religião, rumaram a Amsterdão (entre muitos outros destinos de refúgio).
Nessa altura, entre 1580 e 1640, Portugal pertencia à União Ibérica dos Reis Filipes, uma aliança de tradição católica, em guerra aberta com a Inglaterra (Ver: A Armada Invencível) e a Holanda, países protestantes. Foi também nesta altura que a Inquisição Espanhola, praticada também no sul da Holanda avivou a fama terrível que os Espanhóis têm na Holanda de ser um povo bárbaro, das trevas. A Holanda, país onde a Reforma Protestante ganhara muitos adeptos, tinha sido um território dependente da Espanha católica, e lutava agora pela independência política e religiosa, ver: Guerra dos 80 Anos, a guerra da independência holandesa.
Assim se explica que não só os judeus portugueses que se refugiaram em Amsterdão, mas também os judeus espanhóis, se tenham rotulado de "Portugueses" para evitar a identificação com a Espanha inimiga.
Interior da Sinagoga
Em 1599 havia apenas cerca de uma centena de portugueses em Amsterdão. Em 1610 seriam perto de 200. Por volta de 1725 seriam já 2500. Os judeus ibéricos (os chamados Sefarditas) em breve se tornariam uma minoria, com o afluxo de judeus dos territórios da Europa de Leste (os chamados Asquenazitas), mais numerosos mas normalmente mais pobres do que os "Portugueses", que ganharam na Holanda um rótulo de gente de cultura, de dinheiro e influência política. Hoje, os nomes de família portugueses na Holanda (muito poucos, depois da invasão pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial mais de 80% dos judeus holandeses foram exterminados pelos Nazis), têm ainda uma aura de prestígio, intimamente ligado ao afluxo de judeus portugueses nos séculos 16 e 17.
Os judeus portugueses desempenharam um papel importante no desenvolvimento cultural e económico da República dos Países Baixos. Desfrutaram ali da liberdade de culto e de expressão, invejáveis para a maioria dos judeus nas restantes partes do mundo.
A comunidade judaica portuguesa produziria muitas figuras de renome nacional e internacional, rabinos, eruditos, filósofos, banqueiros, fundadores de companhias de comércio internacional.
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